As palavras de Paulo foram dirigidas a Timóteo, mas, sob a inspiração e ação do Espírito Santo, passaram a integrar a Palavra de Deus, aplicando-se a todos aqueles chamados das trevas da perdição para a luz do Evangelho. Em suas cartas Paulo demonstra intensa preocupação com a cadeia de transmissão das boas novas. Deus poderia ter escolhido anjos para serem seus principais agentes de comunicação. Poderia escolher revelar o seu nome de diversas formas. Preferiu, em seu soberano conselho, designar a cada um dos seus escolhidos como sendo igualmente responsável pela busca dos demais. A lógica e impressionante responsabilidade desta tarefa transparece em Romanos 10.14-15, quando Paulo retoricamente interroga: "Como, porém, invocarão aquele em que não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam cousas boas". Ele nada mais está fazendo do que reforçando a instrução direta dada por Jesus aos seus discípulos: "ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura".

Erramos, portanto, se achamos que a responsabilidade de pregar pertence somente aos pastores. A transmissão das verdades do Reino, do qual somos embaixadores (1 Pedro 2.9) pertence a cada um de nós. Na nossa vida prática, por nosso comportamento, devemos dar um bom testemunho ao ponto em que as outras pessoas notem que somos diferentes. Desta forma, devemos estar "sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir a razão da esperança que há em nós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor..." (1 Pedro 3.15-16). Mas a nossa proclamação das boas novas do Evangelho não se restringe à palavra coloquial, às interações pessoais ou  ao mero testemunho comportamental. Muitas vezes Deus estará abrindo as portas para que preguemos a palavra numa situação mais formal: em uma reunião ou congraçamento familiar ou mesmo à frente de uma congregação ou igreja. Tais oportunidades representam um grande privilégio e não podemos deixar que o medo provocado pela falta de preparo ou costume nos impeça de usufruí-lo.

É justamente para nos auxiliar nessa tarefa de preparo individual que o livro do Presb. Samuel Junqueira foi escrito. O subtítulo: "um livro sobre o ministério leigo da pregação nas igrejas evangélicas - de um leigo para leigos", especifica bem o propósito e escopo do trabalho. Com linguagem simples, mas apresentando princípios profundos e que fazem parte do preparo de grandes pregadores, o livro nos leva ao aprendizado da arte da pregação. Não iremos encontrar  apenas metodologia fria, mas o calor das diretrizes divinas e o lembrete dos cuidados espirituais que devem ser a base de todos os que consideram, com seriedade, o seu compromisso com o Senhor e Salvador do Universo. Vários exemplos práticos ilustram e firmam na mente dos leitores os conceitos apresentados.

O autor, formado em engenharia elétrica, é Presbítero na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro desde 1976. Tem escrito vários roteiros de cursos para classes de escolas dominicais, mas é também conhecido por seu livro "30 Anos de Existência", documento de grande importância para a historiografia eclesiástica brasileira, no qual relata a história da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, desde a sua fundação até o ano de 1994. Além de competente e consagrado professor de Escola Dominical, o Presbítero Samuel, tem se destacado por palestras proferidas em encontros da igreja e por abençoadas pregações, muitas das quais proferidas do púlpito da própria Igreja Presbiteriana de Santo Amaro. Nessas pregações, a fé cristã histórica e uma visão doutrinária ortodoxa - característica dos grandes pregadores de tradição reformada - sempre estiveram presente, tendo sido utilizadas por Deus para a solidificação da fé e das convicções de muitos.

É desse contexto que surge este livro que, espero, venha a ser lido por você com avidez e interesse. Assim, da próxima vez que o irmão for abordado e convidado a dirigir uma palavra pública de proclamação do evangelho ou de edificação, antes de pensar ou de falar em voz alta -  "Eu, pregar?!"; e, mais importante ainda, antes de recusar tão grande privilégio, aproprie-se dos conselhos e princípios expostos e ensinados neste livro. "Manejando bem a palavra da verdade" (2 Tm 2.15), com uma vida limpa, com intensa humildade e dependência do Senhor, "Pregue a Palavra" com a ousadia e autoridade que lhe são outorgadas pela santidade do conteúdo a transmitir.